quarta-feira, 24 de abril de 2013

Viajando...



"Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios".(Salmo 90.12)

Nossa vida é:
como uma viagem de trem, cheia de embarques e
desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de
surpresas agradáveis com alguns embarques e de
tristezas com os desembarques...

Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem,
encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão
conosco a viagem até o fim:
Nossos pais. Não é verdade?

Infelizmente, em alguma estação eles
desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinhos,
proteção, amor e afeto.

Muitas pessoas tomam esse trem a passeio.
Outros fazem a viagem experimentando somente tristezas.
E no trem há, também, pessoas que passam de vagão a vagão,
prontas para ajudar a quem precisa.
Muitos descem e deixam muitas saudades.

Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos,ninguém sequer percebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão queridos, acomodam-se em vagões diferentes do nosso.
Isso obriga-nos a fazermos essa viagem separados deles.
Mas claro que isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos o nosso vagão e chegarmos até eles.
O difícil é aceitarmos que não podemos nos assentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.

Essa viagem é assim:
cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Sabemos que esse trem jamais volta.
Façamos, então, essa viagem, da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto, poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso.

Nós mesmos fraquejaremos algumas vezes.
E, certamente, alguém nos entenderá.
O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada desceremos.
Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas.
Minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai
diminuindo sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá?

Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um ou outro motivo íntimo,deixaram desmoronar.

Fico feliz em perceber que certas pessoas, como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar.
Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o
melhor de "todos os passageiros".

Querido(a) leitor(a):
Todos os dias,enquanto escrevo,oro e agradeço a Deus por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza,o vagão poderá ser o mesmo e espero um dia te encontrar lá na estação principal.

"Disse-lhe Jesus:Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim".(João 14.6)

Deus te abençõe!

domingo, 21 de abril de 2013

Um relato confessional sobre a maioridade penal...





Eu no meu aniversário de 16 anos

Daniel Oshiro, no Papo de Homem

Antes de mais nada, tenho 25 anos e, desses, 17 eu morei no Japão, na região de Tokai. Mas minha opinião é formada pelo que eu passei e pelo que vi meus amigos passarem. Portanto, não vou abordar a constituição, violência no Brasil e outras coisas. É apenas um ponto de vista sobre a situação.

A terceira vez que fui para o Japão foi em 1996. Cheguei lá com 8 anos e morava na cidade de Shimizu. Cresci como quase todas as crianças brasileiras de lá. Meus pais normalmente trabalhavam das 8 hs às 20 hs, por isso, só os via na parte da noite ou finais de semana. Minha mãe deixava a comida pronta pra eu esquentar no microondas e, durante o dia, eu me divertia passeando de bicicleta pela cidade, pois não ia para pra escola.

Aos doze, ganhei um computador e Internet. Com quatorze, fui até a cidade de Hamamatsu pra sair com alguns amigos que havia conhecido online. Desde aquele dia, Hamamatsu virou minha casa e os amigos que fiz lá viraram minha família.

A maioria deles tinha a mesma idade que eu, entre 13 e 16 anos. Mesmo com essa diferença de idade, sempre fomos muito unidos pois, como éramos brasileiros, não tínhamos muito contato com japoneses. Apesar do comportamento de “gangue”, nunca realmente achamos isso, pelo menos não eu.

Logo na segunda ou terceira vez que eu estava em Hamamatsu, um amigo me ensinou a roubar motos de 50cc (conhecidas como scooter ou vespas). Era simples fazer ligação direta e, como no Japão pode-se dirigir motos até 400cc com 16 anos, não chamava muita atenção andar de moto por lá, apesar da idade. Depois vi amigos roubando bebidas no mercado, batendo carteira, etc. Não acho realmente que nós fazíamos isso por necessidade, mas para nossa diversão. Isso nos fazia “invencíveis”.

Depois disso vieram as drogas. Alguns amigos fumavam maconha, outros cheiravam cristal. Nunca me ofereceram, mas era normal a molecada experimentar por curiosidade ou pra fazer parte do grupo.

Foi nesse período que meus amigos começaram a ser presos. A maioria pegava apenas 3 meses no reformatório, pois eram réus primários. Saíam e, algum tempo depois, voltavam pelo mesmo ou outro motivo. Por causa disso, começou a desconfiança em casa. Meus pais perguntavam se eu usava drogas, se eu roubava. Um dia meu pai me disse:

“Quando você for preso, eu nem vou te visitar.”

“Quando você for preso”. Isso machucou um pouco.

Com o tempo eu comecei a perceber que eu estava por mim mesmo na rua. Tinha que pensar sozinho e decidir meu caminho. Vi que, se eu usasse cristal, iria ficar viciado como alguns dos meus amigos. Vi que, se eu roubasse som de carro, eu seria preso. Por isso, minhas transgressões sempre foram menores. Ainda mais quando um ou outro amigo saía do reformatório e falava:

“Dobrado, fica de boa. Os gambé têm um monte de foto sua lá. Ficaram perguntando se tu faz algo de errado, mas eu falei que tu é de boa.”

Comecei a andar com um pessoal que não fazia tanta coisa errada e, hoje, posso contar nos dedos quais dos meus amigos nunca foram presos. Da última vez que pensei nisso, contando comigo, apenas 4 pessoas que andavam na minha turma na época nunca foram presas. No máximo uma passagem pela delegacia por bagunça ou andar de skate em lugar proibido.


Eu era um dos únicos a andar de patins

Hoje eu posso dizer que tive um dos melhores “futuros” entre meus amigos. Talvez minhas escolhas tenham sido melhores na época. Mas isso foi graças a…É. Esse é exatamente esse o ponto que eu quero chegar.

Um dia minha irmã e meu irmão chegaram e me chamaram pra conversar sobre minha educação. Eu tinha uns 11 anos na época.

Eu não falava obrigado, não respeitava os mais velhos, mentia muito, não dava valor pro dinheiro entre outras coisas. Foram horas madrugada dentro falando sobre tudo isso. Depois daquele dia, eu vi que estava errado. Anos depois, eu me perguntei:

“Por que meus pais nunca me explicaram isso?”

Meus pais nunca me falaram o que as drogas causavam. No máximo, era um “se fosse bom, não chamaria droga”. Chamavam todos meus amigos de bandidos e diziam que eu seria preso, mesmo sem conhecer nenhum deles.

Lembro um dia em que levei dois amigos em casa, pra dormir lá porque íamos fazer uma viagem longa e minha casa era caminho. Meu pai comentou com meu irmão, “vou até esconder a carteira, vai que eles me roubam”. Meu irmão me avisou disso e fui fazer a viagem triste. Nunca mais levei nenhum amigo em casa quando meus pais estavam por lá.

Comecei a pensar: “por que dar ouvido aos meus pais?”, pois eram meus amigos que me ajudavam nas piores horas. Eram meus amigos estavam sempre ao meu lado. Eram meus amigos que me davam conselhos. Depois que saí de casa aos dezesseis e comecei a trabalhar, a distância entre meus pais e eu ficou ainda maior.

Enquanto meus amigos e eu ficávamos mais próximos, descobríamos que nossos pais agiam (quase) todos da mesma forma. A mesma falta de comunicação.

Por isso, quando penso em diminuir a maioridade penal, acho besteira. Essas crianças que cometem crimes — em sua maioria — são inocentes, ignorantes, sem responsabilidade. As que cometem por prazer sofrem de alguma psicopatia, como qualquer outra pessoa, e precisa de tratamento.

Queremos trancar as crianças em prisões, para esconder os erros que os pais delas cometeram? E depois que elas saírem? Um garoto vai preso aos 16, sai da cadeia aos 18 levando na testa o título de “ex-presidiário”, sem nem mesmo ter o ensino médio. Ele vai pra rua procurar emprego onde? Mesmo se conseguir, se ele tiver um filho, como ele irá educar para que o filho não siga o mesmo caminho?


Assim?

Claro, crianças e jovens devem responder pelo seus crimes mas, se o governo mal consegue deixá-las na escola, vão ter condições de educá-las na prisão?

É a mesma coisa que cobrir o sofá sujo com um lençol. A sujeira vai continuar lá e aumentar cada dia mais. E você, acha que devem prender nossas crianças ou tentar educá-las?

Lembrando que essa educação vem de casa, não a escola.

Por isso, não podemos culpar o governo, mas sim nos culpar.

Obs: Daniel Oshiro é fundador do grupo social Arteiros, que atuou na região de Tokai em 2010, em parceria com a HICE, como uma fonte de informação e estudos para jovens estrangeiros. Voltou ao Brasil em 2011 para estudar e pensa em voltar ao Japão para continuar o projeto.

O grupo também foi organizador do Free Hugs de Natal, que virou tradição em Nagoya e mesmo sem atuação do Arteiros hoje, a tradição continua.

Alguns links sobre o assunto:
Grupo Arteiros organiza palestra sobre drogas
Arteiros- Pensando no Amanhã


sábado, 20 de abril de 2013

Alexandre Canhoni no programa "Agora é tarde"...


O programa Agora é Tarde, da Band, apresentou uma entrevista com o Alexandre Canhoni, ex-paquito da xuxa que hoje é missionário evangélico na África.

Ao apresentador Danilo Gentili, Alexandre contou como se converteu e como resolveu ir morar em Níger, o penúltimo país no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

“Eu queria ajudar crianças”, disse ele que hoje ajuda cerca de 2 mil crianças e adolescentes. Alexandre chegou a comentar que quando era Paquito não gostava de trabalhar com crianças e hoje tem 15 filhos adotivos.

O ex-paquito se converteu há 18 anos, quando estava prestes a fechar um contrato. Depois de conhecer Jesus ele teve a vida mudada e, lendo a Bíblia, sentiu o desejo de ajudar pessoas dando a elas o que comer e o que beber.

Alexandre está no Níger há 11 anos ao lado de sua esposa, Giovanna. Juntos eles trabalham alimentando as pessoas que sofrem com a pobreza extrema.

O missionário também pode explicar seu trabalho e pedir apoio para o projeto Guerreiros de Deus (www.guerreirosdedeus.com.br), além de mostrar seu trabalho musical focado em evangelismo.





sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quer mudanças?...





"NÃO julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?
como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?"
Hipócrita,tira primeiro a trave do teu olho,e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão." (Mateus 7.1-5)

O que seria de nós sem os nossos inimigos, sem alguém em quem pudéssemos depositar todos os males?
Será que muitos de nós conseguiríamos viver sem um outro personagem em quem miramos, apontamos o dedo e dizemos: ‘você é o culpado’?

Geralmente quando refletimos sobre os problemas pessoais ou do mundo, saímos à caça dos causadores dos problemas, e é óbvio que não nos incluímos nesse grupo.
Isso é bem nítido nas guerras, onde povos ou soldados são conduzidos a combater o inimigo comum, geralmente outro povo ou soldados também orientados nessa direção.
Também nos conflitos religiosos os inimigos são importantes, pois, como justificar determinadas atitudes com perfil claramente interesseiro se não houver um inimigo ‘maligno’ do outro lado, deixando Deus do nosso lado?

Além disso, o inimigo também é importante nas questões pessoais. É muito mais fácil colocar sobre o outro a culpa de tudo, do que olhar para si mesmo como parte dos problemas e ter de tomar uma posição, que trará a própria condenação.
Pois,isso mexe com um tal de "orgulho próprio."

Mas assim se refere o texto bíblico: "...Tira primeiro a trave do teu olho", pois,como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?"

No Evangelho, Jesus se dirige àqueles que usavam o rigor da lei religiosa para punir a mínima coisa naqueles que não se conduziam conforme o esperado, mas não observavam o poço de incoerência em que suas próprias vidas estavam mergulhadas. Sugere até mesmo que a trave no olho fazia com que eles vissem incorretamente o cisco no olho do outro.

Como conclusão poderíamos dizer que o texto acima sugere que devamos fazer avaliações constantes, avaliações sobre nós mesmos,sobre nossas crenças, idéias e valores.
É olhar para si mesmo sem medo do que será visto.
E,caso seja necessário:deixar de lado esse tal de "orgulho próprio",descer do pedestal que cada um levanta para si mesmo e se abrir para aquilo que Deus tem a realizar.

E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, perfeita vontade de Deus.(Romanos 12.2)

Deus te abençõe!

domingo, 14 de abril de 2013

Hindus acreditam que abóbora é reencarnação divina???...



Moradores de Bokaro (Índia) estão rezando para uma abóbora tida como reencarnação do deus Shiva. 

O fruto de 87 quilos vem sendo venerado pelos hindus da região e atraindo multidões. A abóbora foi encontrada por um comerciante e chamou atenção pelo seu tamanho. 

"Vendo a abóbora, tive uma intuição de que se tratava do deus Shiva. A abóbora oval tem a forma dele. Então rezei para a abóbora e ofereci a ela flores e doces", disse o comerciante, de acordo com o "Times of India".

A abóbora ganhou instantaneamente vários devotos. Muitos dizem que ela abençoa as familias.

O comerciante já recebeu várias ofertas pela abóbora, mas resiste. 

"Como posso vender um deus?", argumentou.


sábado, 6 de abril de 2013

Adorando ao Deus desconhecido...



Um dos textos mais fascinantes da Bíblia fala-nos da visita de Paulo à Atenas, onde o apóstolo discutiu com alguns filósofos a respeito das Boas Novas e da ressurreição de Cristo. A passagem é uma pérola para todos os que amam filosofia e religião, já que Paulo esbanjou graciosamente todo seu conhecimento histórico e filosófico, dando-lhes uma aula tão cativante que, ao final, alguns deles disseram: “Ei, outra hora queremos te ouvir de novo, hein?” (At. 17.32)

Contudo o propósito dessa reflexão não é filosófico, tampouco de história do cristianismo. Quero ser mais contemporâneo. Quero pensar aquilo que vejo e não compreendo na adoração congregacional. Vamos lá!

Embora Atenas fosse uma cidade repleta de ídolos, era o berço da filosofia ocidental. Terreno ideal para a discussão de ideias e propostas para uma fé mais coerente, espiritual e, por que não, mais intelectual? Mas quem estaria à altura para discutir com os filósofos de sua época? Evidentemente, um cara tão dedicado à intelectualidade e, ao mesmo tempo, com experiências tão espirituais como Paulo de Tarso.

Durante sua visita, Paulo percebe que os caras tinham tantos ídolos que, na falta de mais um, inventaram um com o nome de “Deus Desconhecido”. O apóstolo faz, então, do limão uma deliciosa limonada e usa a situação de forma brilhante: “...andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio.” (At. 17.23)

Foi refletindo exatamente nesse fragmento da história que me questionei: como podem alguns cristãos que sequer frequentam um culto de ensinamento, ou quem dirá uma Escola Bíblica Dominical, intitularem-se “adoradores”? Vejo nestas pessoas todos os traços dos tais filósofos com os quais Paulo debatia.

Dos epicureus, esses adoradores contemporâneos herdaram a busca através dos sentidos do máximo possível de satisfação, afastando toda e qualquer forma de sofrimento, do tipo: “Estudar Bíblia para quê, se eu posso sentir o “mover” durante a adoração e me ver livre de todos os males?”

Já dos estóicos, os adoradores do culto de domingo herdaram o doce desejo de aceitar a “vontade” de Deus: “Ah... se Deus quisesse que eu fosse estudioso da Palavra teria me feito pastor, e não adorador...”

Quais os desdobramentos dessa postura? Os que amam a adoração e rejeitam o estudo dedicado da Palavra mergulham em modismos tão superficiais que me fazem dizer como Paulo disse aos Gálatas: “Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho” (Gl. 1.6-7).

Refiro-me a modismos tão grotescos que recuso-me a citá-los, mesmo porque, suas práticas são tentativas ridículas de, a exemplo de Moisés, manter reluzente o brilho do véu quando esse já se foi há muito tempo.

É verdade que muitos dos fãs dos fabricantes da “adoração extravaSante” dirão a meu respeito como disseram sobre Paulo, os epicureus e os estóicos: “O que está tentando dizer esse tagarela? Parece que ele está anunciando deuses estrangeiros” (At. 17.18). É, parece, mas não é.

Ei, será que vocês não percebem que tal como os atenienses vocês estão apenas em busca de novidades, quando, na verdade, a verdadeira adoração foi ensinada e pautada por Jesus em dois simples pilares: espírito e verdade? O que passar disso, é mentira extravagante.

Minha oração é que, na busca de uma adoração extra-bíblica, os garotos dessa geração não se percam. Que eles entendam que o ato profético mais contundente foi o de Jonas – e este, nos basta!




quarta-feira, 3 de abril de 2013

Samaritanos ainda existem e lutam para não desaparecer



Samaritanos durante reza no monte Gerizim: para grupo, foi ali que Abraão se prontificou a sacrificar seu filho Isaac

Jaafar Ashtiyed/AFP

FOLHA DE SÃO PAULO
DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A KIRYAT LUZA (CISJORDÂNIA)

No começo do século 20, eles tiveram seu desaparecimento anunciado. Não havia, à época, mais de uma centena de samaritanos no mundo.
Após enganar o monstro da demografia, que os queria devorar, hoje eles são mais de 750, em duas cidadelas.
Mas esses que se dizem os verdadeiros israelitas bíblicos não baixam a guarda --a praga demográfica ainda os persegue, agora com a escassez de mulheres entre eles. A questão é agravada pela proibição ao casamento com seguidores de outros credos.
Com isso em mente, os anciões da comunidade passaram a permitir que os homens tragam mulheres de fora do povoado e da religião para convertê-las e assim estimular a natalidade.
Eles escolheram, via agências de matrimônio, em geral russas e ucranianas --que já caminham nas ruas levando os filhos pelas mãos, conforme a Folha testemunhou.
Pouco receptivos a estrangeiros, porém, alguns membros das sete famílias que moram em Kiryat Luza, uma das duas vilas samaritanas, dizem à reportagem não estar à vontade com a solução.
"Eu nunca me casaria com uma estrangeira", diz Breeto Cohen, 20. "Quando você faz isso, sai da religião", afirma.
As mulheres procuradas pela reportagem não quiseram ser entrevistadas. Uma delas, que disse se chamar Nataly, mora na casa do alto sacerdote do vilarejo.
"Muitos não gostam [da solução]", diz Abdullah, jovem muçulmano que trabalha como guia no museu de Kiryat Luza, onde moram 350 dos samaritanos. Os demais moram em Holon, perto de Tel Aviv. "Eles preferem as mulheres samaritanas."
O universitário Rida Altif, que reclama da dificuldade de encontrar uma namorada e da competição com os amigos, está aberto à opção. "Somos humanos. Eu me casaria com uma estrangeira."
Mas a alternativa tem uma condição, diz Dan Hakam, 16. "Elas têm de seguir as tradições como a gente."


Ed. de arte/Folhapress

MONTE SAGRADO

Kiryat Luza ocupa o topo do monte Gerizim, um cume seco despontando entre vilarejos árabes.
A vista é estratégica --embaixo, a cidade palestina de Nablus se esparrama no vale. Táxis fazem o caminho monte acima por R$ 7. Para descer, o preço é R$ 1,50.
Durante o dia, as ruas estão vazias. Um parquinho enferruja, abandonado. Há dois mercadinhos e uma tenda para bebidas alcoólicas --para suportar o vento gelado, dizem.
É para essa montanha que todos os samaritanos rumam em dias festivos. A religião pede que ritos sejam realizados apenas ali.
Gerizim é uma das principais divergências desse grupo em relação aos judeus. Para os samaritanos, foi no monte Gerizim que Abraão se prontificou a sacrificar seu filho Isaac. "Os judeus acreditam em Jerusalém", afirma Hakam. "Mas nós acreditamos nesta montanha."
A separação entre samaritanismo e judaísmo ocorreu no primeiro milênio antes de Cristo, quando judeus foram exilados em massa na Babilônia.
A religião que eles trouxeram de volta, dizem os samaritanos, foi corrompida durante o tempo de cativeiro, e não corresponde às crenças israelitas.
"Eles se referem a si mesmos como o 'verdadeiro Israel'", diz Terry Giles, teólogo da Universidade Gannon, nos EUA, que pesquisa a Bíblia samaritana. "Eles dizem preservar a religião", afirma.
Há afinidades entre as crenças de samaritanos, judeus, cristãos e muçulmanos --são todas religiões ditas "abraâmicas". Mas, isolados entre povos em conflito, os samaritanos tentam se manter distantes dos irmãos de fé.
"Os árabes pensam que somos judeus", afirma Cohen. "Eles nos agridem."
"Eles não são gentis", diz o motorista palestino que leva a reportagem de volta à cidade de Nablus --onde nem todos contam boas histórias sobre a vila samaritana, montanha acima. Mas a rivalidade entre os dois locais ignora as pesquisas genéticas e os estudos genealógicos que apontam que a população palestina de Nablus descende em parte de samaritanos convertidos durante o Império Otomano.