Eu venho de uma geração onde as meninas tinham que ajudar muito no serviço de casa, enquanto os meninos nem tanto. O que mais me deixava indignada era o fato de muitas vezes eu ter que arrumar o quarto de meus irmãos. Como alguns eram muito desorganizados, eu me sentia revoltada enquanto guardava seus objetos; meias e roupas jogadas pelo chão, camas por arrumar, toalhas molhadas sobre a cama. Depois de limpar o chão – trabalho pesado, difícil e ruim de fazer – eles vinham com seus pés sujos e passavam como pequenos reis e na maioria das vezes ainda faziam piadinhas desprezando aquele árduo trabalho.
Talvez pelo fato de por muitos anos ficar subentendido que o trabalho doméstico era uma tarefa puramente feminina íamos desenvolvendo o serviço e desejando ter nascido homem, enquanto ao redor a atmosfera dava ordens para que nada mudasse e que nós mulheres entendêssemos que éramos uma raça feita para servir e assim servíamos com rancor. O que não sabíamos, embora desconfiássemos, é que o servir é uma ordenança bíblica para todos.
“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” 1 Pe 4:10
Com o passar do tempo a cultura foi mudando e entendemos melhor os ensinamentos bíblicos e com cautela e habilidade, agora já mulheres adultas, passamos a distribuir as tarefas dentro de casa.
Nem todos são habilidosos, mas podem se encaixar onde se sente confortável. Um esposo amável pode equipar sua casa com eficientes máquinas, mas algumas tarefas necessitam da ação pessoal, como contar uma história para as crianças na hora de dormir, orar com a família, passear e brincar com os filhos.
O filho já crescido pode fazer as compras do supermercado e sem perceber estará se preparando para ajudar sua futura esposa nessa tarefa, enquanto a menina já pode aprender a arrumar suas gavetas e brinquedos, pois a organização pode ser desenvolvida por todos.
A vida no lar oferece muitas oportunidades de servir. É na família que se inicia a educação e a solidariedade. A origem do relacionamento interpessoal está na família. Ela sempre foi base para o equilíbrio emocional e afetivo. O que se aprende no relacionamento familiar permanece por toda a vida. Seria muito bom se todas as famílias experimentassem Deus como seu ponto central onde os relacionamentos pudessem ser transformados pelo amor demonstrado no serviço.
“Se não for o Senhor o condutor da casa, será inútil trabalhar na construção.” Sl 127.1
Percebo que é muito difícil mostrar aos outros a importância do servir. No mundo capitalista em que vivemos, normalmente as pessoas querem saber quanto irão ganhar por terem feito algo para o outro. E assim, ganhar tem sido mais importante que dar, e comprar substitui o servir. É difícil ensinar um filho a servir e dividir o que é seu com os irmãos, pais, avós. Igualmente, tem se tornado raro os casais que conseguem se servir mutuamente. Mas precisamos lembrar que esse é o padrão de Deus, foi ele quem primeiro serviu.
Deixar o Senhor conduzir nossa casa é primordial para se alcançar um relacionamento satisfatório e com igualdade nas tarefas de cada dia, e com o amor Dele sendo demonstrado no serviço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário