quarta-feira, 2 de março de 2011

Salmo 17...


1 OUVE, SENHOR, a justiça; atende ao meu clamor; dá ouvidos à minha oração, que não é feita com lábios enganosos.
2 Saia a minha sentença de diante do teu rosto; atendam os teus olhos à razão.
3 Provaste o meu coração; visitaste-me de noite; examinaste-me, e nada achaste; propus que a minha boca não transgredirá.
4 Quanto ao trato dos homens, pela palavra dos teus lábios me guardei das veredas do destruidor.
5 Dirige os meus passos nos teus caminhos, para que as minhas pegadas não vacilem.
6 Eu te invoquei, ó Deus, pois me queres ouvir; inclina para mim os teus ouvidos, e escuta as minhas palavras.
7 Faze maravilhosas as tuas beneficências, ó tu que livras aqueles que em ti confiam dos que se levantam contra a tua destra.
8 Guarda-me como à menina do olho; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas,
9 Dos ímpios que me oprimem, dos meus inimigos mortais que me andam cercando.
10 Na sua gordura se encerram, com a boca falam soberbamente.
11 Têm-nos cercado agora nossos passos; e baixaram os seus olhos para a terra;
12 Parecem-se com o leão que deseja arrebatar a sua presa, e com o leãozinho que se põe em esconderijos.
13 Levanta-te, SENHOR, detém-no, derriba-o, livra a minha alma do ímpio, com a tua espada;
14 Dos homens com a tua mão, SENHOR, dos homens do mundo, cuja porção está nesta vida, e cujo ventre enches do teu tesouro oculto. Estão fartos de filhos e dão os seus sobejos às suas crianças.
15 Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar.

O salmo apresenta alguém que é a própria personificação da justiça. Somente alguém justo na essência oraria ao Senhor apresentando uma causa justa "Ouve, ó Senhor, a minha causa justa" Sl 17: 1. A primeira condição dá razão a segunda: "...dá ouvidos à minha oração, que não é feita com lábios enganosos" (v. 1). Se consideramos que a boca fala o que é proveniente do coração, somente quem é justo profere o que não é enganoso "O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca" ( Lc 6:45 ).

Diferente é a condição dos ímpios e o que proferem: "Na sua gordura se encerram; com a boca falam soberbamente" ( Sl 17:10 ). Ou seja, os ímpios ('gordura' representa aqueles que se consideram abastados) estão presos em suas próprias convicções, visto que, estão 'abastados' e consideram não precisar de Deus. Estes falam soberbamente porque do seu coração mal (ímpio) só podem retirar o mal.

A única resposta aguardada é uma sentença favorável. Quem ora a Deus neste salmo tem em si razão suficiente para aguardar o ajuizamento de causa (v. 2). Compare: "Pois tu tens sustentado o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no tribunal, julgando justamente" ( Sl 9:4 ).

O pedido é pertinente, pois, aquele que ora neste salmo tem condição de exigir uma sentença favorável, visto que Deus examinou o seu coração e nada que o desabonasse foi encontrado (v. 3).

Através do princípio evidenciado por Cristo (a boca fala do que o coração está cheio), temos que: a oração deste salmo é feita por alguém que é a própria personificação da justiça, conclui-se então que em sua boca não há transgressão "Sondaste o meu coração (...) e nada achaste. A minha boca não transgredirá" (v. 3).

A oração deste salmo nem de longe apresenta a condição do salmista Davi diante de Deus. A oração de Davi sempre foi: "Livra-me de todas as minhas transgressões..." Sl 39: 8; ou, "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto" ( Sl 51:10 ).

Este salmo, pelas suas características, demonstra ser Messiânico.

Somente Jesus é a Justiça de Deus aos homens (v. 1); somente Cristo falou verazmente segundo o seu coração (v. 1); somente Cristo é o justo de Deus em um pleito (v. 2); somente Jesus e o Santo de Deus, pois nele não foi encontrado nenhuma iniqüidade "...provas-me no fogo e iniqüidade nenhuma encontrarás em mim" (v. 3).

Jesus entre os homens estava seguro da sua natureza santa e proveniente de Deus. Tudo que Cristo falava aos homens era bom, pois era proveniente de um bom tesouro, guardado em um bom coração. A natureza de Cristo não coadunaria com o pecado.

Quando o primogênito de Deus foi introduzido no mundo, Ele passou a andar entre os homens e teve que se sujeitar a Deus em obediência, porém, qual deveria ser o seu comportamento entre os homens? Os homens possuem inúmeras regras sociais, padrões de condutas, padrões éticos, etc. O versículo quatro demonstra qual seria a conduta de Cristo entre os homens.

Quanto ao trato dos homens, ou seja, quanto às suas regras, pela palavra dos lábios de Deus, o Cristo seria preservado dos caminhos do destruidor. Como Cristo se guiou pela palavra de Deus, ninguém pode acusá-lo de pecado, embora os homens se pautem por várias regras "Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes?" ( Jo 8:46 ).

Como Cristo viveu pelo Espírito Eterno, ele também andou em Espírito ( Gl 5:25 ). Cristo deixou que os seus passos fossem guiados pelo Pai enquanto esteve entre os homens (v. 5).

Cristo sempre orou ao Pai certo de que era ouvido "Eu bem sei que sempre me ouves..." ( Jo 11:42 ).

A bondade de Deus faz maravilhas àqueles que n'Ele confiam. Quando alguém se levanta contra quem confia em Deus, está se insurgindo contra a destra de Deus (v. 7).

O versículo oito demonstra que Cristo estaria sob a proteção divina como a menina dos olhos é protegida; somente Cristo esteve abrigado sob a sombra das asas de Deus ( Sl 91:1 ); A proteção de Cristo é contra os ímpios que o oprimiam; de inimigos mortais. Observe que estes inimigos não possuem exercito e não lutam com armas de guerra (v. 9).

A oração é feita em prol da coletividade de justos sobre a face da terra. Os ímpios espionam os justos; espreitam com a finalidade de derrubá-los por terra; assemelham-se ao leão no comportamento quando identificam a presa (v. 12).

Não são os justos que devem lutar contra os ímpios. Esta é uma ação do Senhor, uma glória que a Ele pertence, pois somente Ele abate o ímpio até o pó da terra ( Jó 40:11 -13) (v. 13).

A porção dos ímpios está somente nesta vida; para a eternidade está reservado aos ímpios o que entesouraram para si. Os homens nascidos de Adão somente produzem filhos segundo a carne, e, portanto, todos os seus filhos nascem segundo a semente corruptível de Adão: em pecado. Somente Deus cria filhos para si por intermédio de Cristo.

O salmo termina demonstrando que Cristo após andar entre os homens, em retidão voltaria a contemplar a face do Pai; quando despertasse, estaria satisfeito com a semelhança divina (v. 15).

Deus te abençõe!

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